quarta-feira, 7 de março de 2012

Entrevista: Leonardo Möller e a inovação.






Nos dias 27, 28 e 29 de abril, o EntreMédiuns traz a Belo Horizonte estudiosos do espiritismo para debater sobre A inovação na prática espírita, tema do evento em 2012. Um dos oradores é Leonardo Möller.

Leonardo Möller é editor da Casa dos Espíritos e membro da diretoria da Casa de Everilda Batista. Apresenta os programas Horizontes, pela Rádio Mundial, e Além da Matéria, pela Rádio Boa Nova, em conjunto com Robson Pinheiro e Marcos Leão.

Hoje ele é o nosso entrevistado. Confira!

Leonardo, por que a prática espírita precisa inovar? Que inovação é essa proposta pela UniSpiritus?

Não sei se a UniSpiritus está realmente a propor determinada inovação, em especial.

O que propomos por meio do EntreMédiuns é tão somente discutir o assunto; é refletir sobre em que aspectos o mundo onde vivemos, que tem passado por tantas mudanças e em ritmo tão acelerado, impõe aos religiosos em geral e aos espíritas em particular a necessidade de rever alguns de seus conceitos e, com isso, sua prática. Será que é possível ficar alheio ao turbilhão de renovação e transformação que abala as sociedades da Terra?

No meio espírita, esse tópico geralmente é um tabu, porque toda vez que alguém fala em inovar na prática espírita, logo há quem pense que se está a falar de abandonar as raízes, de afastar-se da sensatez e dos pilares da filosofia espírita, que estão em Kardec. Ora, só existem mesmo as duas opções? De um lado, o conservadorismo rígido, que perde o bonde do progresso e, de outro, o vanguardismo que se rende a qualquer moda passageira?

É esse tipo de discussão que pretendemos suscitar. O objetivo é mais levantar questões e menos dar respostas. Afinal, quem somos nós para dá-las? No máximo, podemos partilhar experiências que têm dado certo conosco, e as que não deram também. Toda estrada é feita de erros e acertos, e é bom falar de ambas as coisas.

Quais são suas expectativas para o encontro deste ano?

Minhas expectativas talvez não sejam tão diferentes das dos outros anos. Atuando como diretor na UniSpiritus desde 1998, participei da organização de todas as edições do evento até hoje, em suas 13 edições. Alguns objetivos permanecem centrais, como o desejo enorme de colaborar para formar ou instigar a formação de um público consciente, que sinta fomentado o senso crítico, que tenha a coragem de refletir sobre as práticas que, às vezes, permanecem inalteradas por décadas e décadas na casa espírita. É preciso avaliá-las sem medo.

Estou convencido de que há um temor generalizado de ver o que não anda bem, de falar da monotonia de certas reuniões mediúnicas, por exemplo, ou da sensação de improdutividade, relatada por muitos médiuns. Ora, como aprimorar aquilo em que não ousamos identificar pontos fracos? Essa é uma das lições de Jesus que a gente esqueceu, e tem de se ajudar mutuamente para lembrar: Os sãos não precisam de médico.

No domingo (29), você vai ministrar o minicurso Allan Kardec, um inovador: conhecendo melhor seus métodos, suas reflexões, seu trabalho. De que maneira o participante irá conhecer melhor o codificador da doutrina? Fale um pouco a respeito do curso e como pretende abordar o tema.


O tema desse minicurso ilustra uma nuance da inovação que queremos buscar. Na verdade, ele mostra que, às vezes, inovar pode ser justamente voltar às raízes, nesse caso recuperando o espírito perspicaz, voluntarioso, destemido, questionador e extremamente sensato do codificador do espiritismo. 

Muito da prática de Kardec nós abandonamos ao longo da evolução do movimento espírita no Brasil. Sem me arvorar, de maneira alguma, em juiz da história — Deus me livre! —, quero indagar: será que esquecer práticas do Codificador é um bom caminho para nós, espíritas do século XXI? Se ele é tido como maior autoridade em filosofia e ciência espíritas até hoje, não é interessante voltar aos relatos de seu cotidiano e tentar apreender suas lições e experiência? Garanto que muito do que ele tinha como prática nós não apenas esquecemos, como desconhecemos.

O que você espera do participante desse minicurso e do EntreMédiuns de modo geral?

Já me adiantei um pouco sobre isso, falando do que desejamos inspirar no público. De todo modo, vou arriscar ir mais longe na minha ambição: aspiro a um público que esteja menos afeito a buscar pérolas de sabedoria de líderes e médiuns, às vezes tidos como gurus, e mais sedento de, num clima de cooperação, analisar e revisar sua prática espírita, com sinceridade e disposição para trabalhar. É preciso muita coragem para nos olharmos no espelho e, identificando o que queremos mudar, tomar resoluções e traçar uma estratégia. É ou não é?

Por fim, gostaria que você fizesse um convite para aqueles que nos leem. Por que as pessoas deveriam se inscrever no EntreMédiuns 2012?

Ah! Sinceramente, se não se convenceram com todas as minhas provocações e o entusiasmo que demonstro por este debate, que apenas ecoa a paixão da UniSpiritus ao realizar o EntreMédiuns, então não venha, não! Agora, eu desafio quem quer que leia essas propostas a ficar de fora de um evento que sabe a que veio e que traz uma contribuição original à reflexão espírita. Concorda?

Nenhum comentário:

Postar um comentário